terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Bar Júbilo Prateado

Bar Júbilo Prateado
Aquele lugar interessante, cheio de gente bonita, tentáculos e algumas pistolas nos coldres, incitando certo cuidado com cantadas ou olhares não bem aceitos por nossa sociedade moderna.
Ahhhh, como eu amava passar as noites ruivas depois das aulas de mecânica espacial lá!
Era lindo e ótimo, porém, sempre me intrigara alguém, algo que em minha juventude parecia me intrigar mais do que deveria - sina dos jovem, dar atenção as coisas como se elas fossem grandes montanhas, porém, não passando de pequenos montinhos de areia. Era aquele homem, sentado, ali, no fundo da sala de festas.
Casaca preta, bigode, parecia sempre triste, bebia a mesma coisa: gim tônica sem muito álcool e alguns pingos de limão. Sempre ali, por semanas.
Um dia, voltando de uma extenuante aula sobre o mal-funcionamento possível das turbinas em luas gigantescas em sistemas como os de Marvoley. Encontrei Kassidra, uma linda estudante loira. Eu queria ela, mas, ela estava acompanhada do professor Martin, um homem sóbrio, mas, poderoso nos círculos, alguns diziam até mesmo que ele tinha contatos com os Ribbornos, outros que era membro da infame Ordem Secreta dos Eletrônicos. Eu não sabia, apenas sabia que ele estava com a minha garota.
Tentei trocar uma ou duas palavras com ela, mas, não me deu muita bola, até fazê-la rir com qualquer piada sobre a chatice de se estar numa Academia de Estudos Galáticos. Ela riu e me retrucou:
-Se você fosse um dos que vivem no limbo das viagens, nos porões de piratas espaciais ou em planetas em guerra, não pensaria isto
Confesso, me envergonhei um pouco, apenas pensei na resposta de que isto ainda não mudaria o fato da minha opinião ou de como as aulas eram chatas pra nós, aspirantes a tripulação da grandes naves. Me calei, até levantar os olhos para o professor que vinha com as bebidas.
Depois de alguns papos bobos, já sem assunto, resolvi comentar do meu amigo misterioso. Ambos ficaram curiosos e eu apontei para o fim da sala. A face do professor Martin ficara em uma forma que jamais esqueci, tensa, petrificada... Ele não parecia humano, tinha um brilho metálico nos olhos. Comentou algo para Kassidra, algo que não ouvi ou não entendi, um tipo de dialeto.
Ambos saíram, ela ainda me deu um caloroso e surpreendente tchau, efusivo.
Bem, fiquei na bebida, sozinho de novo, apenas pensando nela...
Resolvi falar com o meu amigo, depois de semanas de olhares atravessados, pelo menos ele poderia ter uma boa conversa, uma boa companhia ou uma bela noite, quem sabe. Quando tentei olhá-lo, não estava mais em sua mesa, pela primeira vez, pena.
...
Uma semana se passou até que eu encontrasse de novo Kassidra, ela logo aceitou meu primeiro convite pra sair. Ficamos juntos desde então, pra minha grata surpresa, comecei o ano bem! Porém, o professor Martin saiu da Academia, na verdade, não o via fazia dias, não me lembro nem de tê-lo visto depois daquela noite no bar, bem, talvez tivesse brigado com Kassidra, dado que ele jamais falava dele. Bem, "o que já foi não é minha responsabilidade", já dizia o cantor de outro sistema sideral.
Depois que começamos a namorar, quase não íamos no bar, ela nunca se sentia bem após as aulas ou íamos fazer outras coisas que não vale mencionar, apenas sentir. Um dia, sem ela, fui lá tomar uma bebida e para minha surpresa, lá estava o meu amigo misterioso.
Ele levantou, foi até mim e sentou na banqueta ao meu lado, apertando os botões do pedido, a mesma gim.
-Sua informação foi correta, - disse ele
-Que bom, foi tudo bem?
-A questão foi resolvida, o pagamento foi realizado
-Ótimo, agora podemos tomar mais alguma coisa?
-Não
- ...Ah, desculpe... E a garota?
-Se separaram na porta do bar, ela não está lista, não se preocupe
-Ok... Mas, eu poderia sem incriminad...
-Você já pode ir
Percebi que o bigode do meu amigo torceu quando ele levantou levemente a voz. Pude ver os detalhes negros de seu terno ricamente cortado, tentei abaixar o olhar pra ver se havia algo dentro do seu casaco. Porém, não tive mais coragem.
Tomei meu drinque, quis pagar o dele, ao qual recusou.
Sai pela porta lateral, jamais voltei ao magnífico Bar Júbilo Prateado.

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