domingo, 5 de novembro de 2017

Ode a pilha de livros

Minha vida se resume a comprar livros que não lerei
Parei de lê-los
Leio vidas agora
Leio pessoas
Elas estão lá, com sua palavra
Texto e frases
Buscam efeitos, buscam ser românticas, filosóficas
Criticam a poesia, criticam a ficção muito fantasiosa
Ou, vivem nela, buscando um mundo
mais simples?

Minha vida se resume a comprar livros
Estou rodeados por eles
Cada vez que chego na página 40
Paro, compro outro
E mais outro
Simplicidade das pessoas
Que buscam nas páginas mais letras que
Não existem nelas mesmas
Na vida cotidiana
Na beleza que não é mais aceita, apenas
imposta
Liberdade de ler que é apenas
A liberdade que dizem ser a correta

Correção
Das palavras, de cada frase
Seu sentido latente, seu contexto maior
Que o poema
Páginas dizendo mais que as palavras
O que se escreve com o coração já não importa
Só se o livro é bonito, burguês ou progressista
Não importa, o que vale é a capa
Ou fingir que busca a essência
Ou fingir que está lendo isto daqui
Enquanto vomita seu ar na rua
Do mundo

Enquanto escreve a sua existência
nesta leitura
O mundo não está ligando
Ligue-se um pouco em si mesmo
E vá ler esta pilha de livros que comprou
Ou lutar contra eles, minimamente com palavras
Pois, eu, Quixote, já estou derrotado
Mas, melhor já ter passado pela batalha
(dentro de livros?)
Do que perdido entre as ruelas
Vomitando o seu ar
Da existência pela existência dos outros.



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