quinta-feira, 30 de junho de 2011

A Balada do Noivo Vingador #Agentes do Caos

 "Beije sua vadia hoje
  Ame apenas o seu cachorro e,
  Se olhar pra trás...
  Se mate com um beijo de alguém"
 A garota com cabelo avermelhado e meio amarelo estava com um violão nas costas, estava pelo mundo há tempos, governando sua vida desde quando o Festival da Canção era feito na pracinha de sua terra natal... Esta Terra já não existia mais, ela era um monte de destroços e, agora, só restavam os robôs dos goblins e os especuladores da terra barata e erodida...
 Ela... Chamada de Jane's Tempest, tinha apenas 17 anos quando chegou aqui, em Curita, capital de Gran Pinus... Mas, em sua idade pequena e vocabulário ainda parco, me fez aprender várias coisas que até hoje não esqueço...
 Como o verão era lindo em sua terra natal... como todos recebiam o calor enviado e o que era absorvido pelo solo e plantas, como a água beijava o barro e formava um rio, de nome Paranã, o "grande rio", em língua antiga...
                      Entretanto, paremos com estas baboseiras paisagísticas, pois, o "homem racional" de outrora, já nos diz que nenhuma beleza há no mundo, pois nossos sentidos nos enganam. O Sensual, o que pudermos ver e tocar e cheirar e nos dar prazer... Deve ser consumido pela vontade da Verdade, o Amor à Arte, à  Vida em Sociedade comum e tribal, ou seja, segmentada até na mente mais tenra...
                      No violão, ela levava uma W&S 38, mais antiga que minha velha vó de ceroulas; só que para ela, a moça, funcionava... Eu nem ligava, eram tempos de máquinas a vapor estranhas... A Rev. dos Orwell havia disseminado a Praga pela América do Norte e aqui, nós só iámos ao cinema ver as velhas películas em preto e branco... E as cafeteiras, lixeiras e portas automáticas a vapor e com os novíssimos Sistemas Computacionais de madeira e ferro, surpreendiam-nos cada vez mais... "A Rede Social do Sílico e Cobre!" Como disse o Presidente Marechal, ao dizer das novas Reformas de base, que nos transformaram em comedores de carvão e que, agora, fazem da Serra do Mar um gigantesco assentamento para os descendentes de escravos que nada tiveram além de pé na bunda (desculpe-me o uso de tal chula palavra) dos seus antigos carceireiros...
                     Minha juventude fora boa... Eu só olhava para os cabelos pintados dela e, como todo bom Homem Viril, imaginava coisas... Mas, ela não ligava, pois só estava interesada nos meus conhecimentos e sobre meus livros... Eu, autor pouco famoso, era um provinciano de cidades sujas... Ia do Bordel ao Palácio, passando pelo Pastel do Largo... Sempre escondido, sempre Vampiro... Estava caído pela tal polaquinha...
 Era noite com frio e nevoeiro, reclamavam alguns amigos de suas notas em suas Casas de Estudos e eu os deixei lá, com seus demônios... Desci a rua... Sabia que ela morava lá por perto... Decidi tomar o bonde,
          Com luzes apagadas, ou quase, o lampião revela sua face risonha e tenho, pela primeira vez, medo dela...
 -Esta na hora... Darei a você o meu segredo!
 O Vampiro em mim se alegra! Mesmo com o fedor das máquinas que sentia ao descer as encostas do Rio Belém com ela, para o mato e longe das casa... Sentia-me bem, estava em uma aventura! Nesta monótona vida de rotinas e cinzas, me aventurava por uma vez mais!...
                                              *
 Último beijo que a velha boca suja tomou...
 Abro a blusa, já preparado
 Vejo o corpo branco por um minuto e... E...
 Luz, MUITA LUZ,
 Cego-me...
                                              *
 O Fogo que consome os corpos tortos e bobos é estranho, eu nunca havia sentido isto... acordei... me sentindo sujo, me vi em frente a Catedral de minha antiga cidade natal, ao qual nunca sai a não ser para comprar selos na ferrovia do outro lado dos muros...
 Existe algo de especial no ar... Sinto que passei a noite com ela, mas só lembro de imagens esparsas e flashs,,, Sei do que fiz, mas, de nada lembro...
 "O que mais lembro?" Pode me perguntar, lembro da luz, da grande Luz...
 A manhã chuvosa me chama a andar pela cidade, vazia, nem a padaria esta aberta... Começo a ouvir vozes, sons, o medo me domina... Corro pela via...
 Tropeço, caio e escuto uma voz... Era Jane's, ela me derrubara com seu tênis de pano preto, "-O que foi?", pergunto a ela...
 -Sou uma Agente do Caos, querido... Gostei de você, mas, se eu virar minha cabeça e me despedir... Posso ficar contigo... Não quero isto, não agora...
 Triste, meu peito pesou, minha Razão tremeu pela primeira vez em anos... Nestes longos trinta anos...
 -O que são os Agentes do Caos? -Perguntei, minha mente tinha questões confusas...
 -Também não sei, eles são o que cada um faz deles... -Sorriu, com bochechas engraçadas... Lembro só disto, ou estou confundindo, faz muito tempo que não vejo estas memórias...
 -Então, isto é um "adeus"?
 -Não, nunca é... - Me disse ela em resposta, me deu o violão, e saiu... Estava com uma roupa quadriculada azul, nunca a vi assim... Hey, aquela era a minha camisa!
 ...
 Desmaiei... Acordei uma hora depois...
 Descobri, ao voltar pra casa e ver o que o jornaleiro me trouxera, que as máquinas a vapor ficaram loucas, simplesmente, pararam ou caducaram... Era Jane's... "Ela estava talvez em vingança!", pensei nisto e compreendi...
 Então, vi o violão em minha namoradeira [pequeno sofá], o violão lá estava...
 =É minha vez...
                                        *
 Hoje, sou um Agente também, estou a procura de Jane's, cada explosão de vapor e queda no Sistema de Cobre-Silício, lá estou eu, e o violão junto. Pode me chama de... Hm... Noivo Vingador.        



 MUSIQUETA DA POSTAGEM

  http://www.youtube.com/watch?v=eaurgcMVTOs&feature=related

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