sábado, 17 de setembro de 2011

Um último voar de borboleta #Agentes do Caos

 Ela me olhou com seus olhos de maré, novamente, estava perdido entre o ali e o aqui. Apenas os lençóis revirados e lenços cobrindo as faces na cidade Borboleta. Apenas uma chama azul corria no centro dos prédios, Azulli, a pequena com cabelos negros e franja, alguma altura, pouca massa no corpo, nada de mais, ela não soube a sua importância, nem ela, nem a nossa ciência Patafísica
 Nada como um dos dias mais escuros que já vi, um dia estranho em que a cidade de Allan Poe escurecia as suas vistas e os fluxos contínuos de carros e máquinas humanas, as pessoas da megalópole, eram as únicas que davam um pouco de lanternas àquela situação... Azulli andava por pedras lisas da grande cidade do continente sul-americano, seus pés brancos tocavam descalços o chão escuro... Tudo parecia um gigantesca globo em tons de cinza que saía do chão até o chão, logo, a única que vi foi ela, toda muito confusa, aquela era um dos seres mais impressionantes que os Agentes do Caos haviam visto, ela era um deles, talvez um dos maiores, mas não sabia disto -acabava por não conhecer a nós mesmos, como é comum-, apesar deste "erro" comum, eu não liguei, pois minha arma feita com ossos do Antigo Tubarão me deixavam invulnerável, os olhos delas em sua franja, idioticamente imortal
 Ela andava pelos subúrbios, pois pelas ruas sujas da cidade que cresceu pelo trigo, ela não tinha um quinhão do pão; sozinha, cheguei por trás, minha espada estava guardada, dentro da calça, como um pequeno alfinete... Meus dedos foram como cordas de violão tocadas em seu corpo...
     Um pequeno chamar e ela se assustou, me conhecia de algum lugar... A Máscara de Dopp, o doppelganger, me disfarçou e eu cheguei perto dela, meu nome era Denis Raven, um amigo de escola. Ela me abraçou e falou que era muito bom encontrar-me... Eu, por dentro da máscara, sorri quando ela me tocou com seu corpo branco e com alguns pontos de pelos pretos...
 Levei-a para um pequeno hotel na cidade velha, a Casbah, os tons cinzas misturavam com o amarelo e eu via sua face pálida se misturar com o vermelho cada vez que com um gracejo lançava meus tentáculos sobre Azulli. Logo, cheguei em um ponto, no 3º andar, quarto trancado e algum tempo de conversa... O ponto era aquele, chegava a hora de consumar o ato!
     Lancei minhas mãos grandes sobre ela e a coloquei de costas para mim, peguei um tubo de borracha que guardava no osso da perna direita e cravei atravessando seu corpo, saquei outro do outro membro e coloquei na outra direção, sua dor parecia não me incomodar... Fui até a cozinha e peguei uma panela, colocava alguns fios para poder gerar um transferidor, pois precisava curar ela, a garota havia explodido um bairro inteiro -foi divulgado no jornal que havia sido uma explosão de gás, um bueiro que voava pelo céu e desencadeou a situação... Eu sabia que não... Ela era um ser que em meus estudos de patafísica e de filosofia, descobri que se chamava Copo, um ser que acumulava seus sentimentos em uma timidez e um silêncio tão perturbadores, que apenas o amor - paixão poderia fazer com que fosse possível capturar sua força... Sua expressão, seu Sentir, a capacidade mais poderosa que encontrei...
           Eu, uma máquina, apenas via que nela eu poderia capturar o meu poder, mas nunca imaginei aquilo: "Ela era bela"; sou uma máquina do século XIX, sou Mach III, não deveria sentir nada... Não tinha mais que metade do meu rosto de carne que implantei dos mortos, os esquecidos por todos, ao quais os seres humanos pregam que devemos temer em tornar-se um, e igualmente tentam amar seus parentes mortos, em um contrassenso que me faz duvidar de uma das duas atitudes humanas sobre os falecidos...Eu, uma máquina, não morria, apenas continuei minha caminhada até o começo de um novo século e, novamente, começo outro...
                        Olhava pra ela no entanto, para Azulli, ela olhou com ódio por um espelho, logo, percebi que minha máscara caiu, ela já não mais parecia o que ela queria ver... Senti um arrepio... As luzes ligaram sozinhas e era dia, começou o quarto a dar saltos, rápidos, e sedentos, não sabendo eu se eram meus olhos ou algo assim, retirei a escopeta portátil de meu braço... Mirei nela, ouvi apenas em minha cabeça, como se eu dissesse a mim mesmo:
 -Não pode derrotá-la, ela acredita em você, sua crença o destrói, robô e Ser Racional, o Ser Humano Máquina.
 De repente, quatro sombras saíram de seu corpo e cresceram a minha altura, que não era pouco... Eles tinham caras de corvo e pegaram minha arma. Minhas tentativas de soltar-me foram inúteis... A mão desceu sobre minha face... Desativei
                             Desativei por um tempo, havia apenas algumas horas eu planejava conquistar a menina e conseguir sua força... Conseguir me tornar humano... Mas, a Fada Azul não recompensou esta marionete, pois, sentada em um banco, com quatro sombras ao seu lado e no seu olho a cor de dentro branco estava... Estava meu sonho... Manda a sentença a garota:
 -Você viveu para enganar, enganar-se... Viveu achando que em algum momento da vida iria se tornar um ser poderoso, pensou que poderia conseguir realizar seus sonhos... Não pode, pois ninguém sonha na verdade... São apenas memórias organizadas em sua mente... O que ocorre é o que faz com mãos e pedras, durante o tempo que esta acordado... -Ela chegou perto do meu ouvido:
                                          -Eu, Azillis, sou teu fim, pois você e suas pedras param por aqui... Sonhou mais que agiu, não usou nem a proporção 3/4 dos camundongos... Como ratinho na ratoeira, te liberto!
 O golpe na costela e eu senti o cabo de borracha entrar, o outro, eu conseguia sentir... EU SENTIA!!! Porém, estava beira da morte, não me adianta nada agora, se por fios eu tenho sangue, se por circuitos, tenho nervos... Tudo se resumi a um pequeno momento tolo...
 Os peças explodiram, quando por alguns segundos não vi mais que minha cabeça voando em um explosão... Girou, girou e girou... Havia um Parque Verde lá, olhei para cima e vi uma pequena borboleta azul voando... A Morte me beijou ali... Com sua boca fria, havia por um momento, sonhado e agido
         Agora é tarde, pois a borboleta continuou a voar e nada mais vi, a não ser sonhos.



MUSIQUETA DA POSTAGEM
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pataf%C3%ADsica

http://www.youtube.com/watch?v=kAjl21R7yBM&feature=fvsr

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