quarta-feira, 20 de junho de 2012

Argonaútico – O último anjo #Agentes do Caos

Esta é a estória de uma coisa que ouvi antes de ir embora, antes de começar a viajar por aí e pelos outros. Sou o Panda Vermelho, o ser que recebeu a pela de djin e que a cada vez que matava alguém ou algo, tomava a coisa para si... Porém, eu sempre – desde que me tornei humano – me perguntei se isto era bom ou ruim... Quando era um ser racional, ou quando era criança, eu não tinha isto, porém, agora tenho... Mas, me perguntava se, eu fosse uma ”coisa ruim”, eu deveria ser a pior, não? Afinal, aprendo com a destruição, eu Sou a Destruição...
 Só que um dia, eu o achei... Tinha sentido algo estranho entrando numa cidade em que passava com minha Kombi, era uma vibração fraca, estranha... Desci a rua daquela cidade mineira antiga e empoeirada... Era noite, era escuro e tenebroso era o ar, típico, mas, não assustador...
 As luzes do farol vão correndo pelas esquinas e meus olhos vão acompanhando até aonde posso ver... De repente, ele está lá, desço do carro
Corro
Entrando pelas vielas escuras vou seguindo aquela coisa assustada, vejo restos de sangue no chão, vou chegando perto, mais perto, ali está ele!
...
-Então, o que é você?
O ser me pergunta. Magro, seco, de terno azul, dentes horríveis, no entanto, parece ainda meio-humano; meio-ser que me perguntava quem eu era, ao qual não liguei e perguntei:
 -Quem é você? – Ele estranhou, tinha falado comigo um inglês mal-falado, pensava que não entenderia esta língua, que tolo, é uma língua fácil, ao menos, pra minha idade.
-Meu nome é Fiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii, sou um Argonaútico, uma Nave de Guerra do Clã KLKLKLK
-... Seu nome é um assobio? – Eu fiquei surpreso, nunca havia visto aquilo... A quem não sabe, aquilo não era uma simples onomatopéia, é toda uma língua antiga, uma coisa mais velha, que nem eu poderia supor o que queria dizer, o que, por consequência, quebra a coisa da minha idade que disse ali em cima.
-Sim, criatura. – Eu não estava na forma de humano, mas, de semi-humano, com minha cabeça de Panda Vermelho e pelos, mas, talvez ele estivesse mais assustado pela catana que estava a segurar embainhada ainda na mão direita.
-Meu Mestre disse que isto é língua de Anjo ou Demônio, o que você é? Pensei que estavam extintos... Desde que os Invasores tentaram dominar a Terra pela primeira vez e usaram as Máquinas Angélicas para matar a todos vocês...
-Sabes muito, muito mesmo... Quem é teu mestre? –Me perguntou a criatura-anjo.
-O Dragão Branco... Sei que você sabe que ele é um dos antigos donos das Máquinas... – O anjo, no alto de sua feiura, me olhou e comprimiu os olhos secos, ele era realmente horrível...
-Sim, eu sei.
Ficamos em silêncio, ele estava encostado numa parede, havia uma luz num poste. Tudo era frio, estava um dia frio naquelas bandas, entrava na minha pele, mesmo peluda, o que era estranho.
-O que há? Não irá tentar me matar? –Perguntei finalmente.
-Você quem está com a espada. Eu não sou idiota... Qualquer um que saiba e tenha tido os mestres que você teve, merece algum respeito...
-Mas, o que faz aqui, anjo? –Falei sorrindo para ele. Algo que sempre tinha desde que me tornei humano era metidez, um tipo de soberba ao ser obedecido deste jeito que ele fez, porém, como não fui criado com leis para reprimir isto através de caretas ou frases de auto-flagelação, era um ser metido “ao natural”.
-Eu? Bem, eu estou aqui... Na verdade – o anjo sentou num paralelepípedo na rua – eu vim para morrer...
-Como? Vocês morrem... De velhos?
-Acredite, meu caro, acredite... Poucos anjos morrem de velhos, assim como os demônios... Acho que só conheci um que havia conseguido isto, um amigo meu... Enfim, eu voltei aqui para pegar isto
Ele me mostrou um pequeno cordão, ao qual se prendia um pequeno boneco.
-Isto foi de um humano ao qual chamei de filha, uma vez... Eu tinha um problema dos anjos... Eu tenho uma síndrome, um tipo de doença que se chama: “Acorde”. Fico algumas décadas ou séculos dormindo, depois, acordo e vou ficando cada vez mais velho, mais doente... Era um tipo de defesa da espécie em alguns de nós... Pena que isto fazia com que eu perdesse meus amigos, perdesse contatos... Inclusive, acabei aqui em Varginha uma vez e fui confundido... Foi engraçado... Enfim...
-Tudo bem... – Fiquei calado, pois, a Morte era algo que não entendia muito, ao menos, nesta minha fase mais humana; virei-me, caminhando para a kombi – Vou deixar que um velho morrar em paz...
-Hey! Garoto... – Me berrou o velho.
-O que há?
-Você já ouviu uma história de alguém que esteve nos campos de batalha contra as Máquinas Angélicas? – Me disse o senhor, com esperanças... Percebi que ele tinha bigodes, era estranho, a pele seca, com bigodes...
-Ouvi do meu Mestre... Como já disse, o Dragão Branco...
-Sim, sei quem é seu mestre... Porém, o Aluno já sou o que era seu Mestre?
-Ele veio das Estrelas... Isto estaria bom, não?
-Hahahahaha – riu o velho anjo – Mas, então, você me parece um ser poderoso, porém, alguém poderoso sem curiosidade, como já vi muitas vezes na minha longa vida, não vale nada.
Fiquei um pouco com raiva, mas, ouvi ele. Falou-me o senhor que tinha ajudado, durante a Guerra há milênios atrás, um certo ser de pele muito branca... Ele não era nada mais nada menos que um dos colegas de meu mestre, ao qual morava na Índia e se chamava Vedas. Ele havia contado, como o anjo fazia para mim, sobre a história de seu povo, do por quê estava ali... Disse que, quando estivesse para morrer, que o anjo contasse também aquilo; em troca, o Vedas disse que o anjo iria sobreviver aquela guerra e até oito milênios depois, e assim, o velho ganhou a sua doença:
-Sim, foi uma idiotice... Mas, já me arrependi, viver com arrependimentos é mais difícil e tolo que aceitar o erro e continuar, mesmo que isto – lá dentro da gente – seja uma mentira... – Me disse ele, quando em contou isto.
-Então, quem é Vedas? Quem é o Mestre Dragão Branco?
-O que conto para ti, meu caro, é algo sobre muita coisa... Porém, não cabe num único dia, numa única fala... O nome da história que contarei para ti, é sobre: Wille - o Povo Azul

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