sábado, 5 de janeiro de 2019

Sabiá


Sabiá que voa pelos mares
De Lisboa
Encanta meu caminho náufrago
Destes mares tempestuosos do Atlântico Sul
Já não posso mais navegar como antes
Ai de mim seguir esta minha pirata vida
Entre os portões de chamas
Os trovões dos incultos
As espadas cantantes

De sua voz
Sabiá
Única lembrança
Daquilo que nunca fui, sendo
Eu te vejo crescer, entre as campinas, as ravinas
Te vejo em meu barco naufragar em meu próprio fosso

Mas, limpo o meu chapéu
As botas mais secas
O ar do mar invade meu peito
O som das batidas do coração
São os mesmos
Da batida das ondas
São o tocar da viola
Cantando uma canção qualquer
Clara, limpa, mais forte

Mais velho, estou
Muitos nãos foram dados por várias mãos
Mas, nunca me foi negado o mar
Por ele sigo, de Lisboa à Cabo
Do Cabo à Bombaim
De lá, até Pequim
E chego aqui, na tempestade d'mim
Pra te ouvir de novo, sabiá
No peito peito, cantar

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