sábado, 26 de março de 2011

Dança de Noite #Agentes do Caos

 "Basicamente todos os materiais são feitos sob medidas, o aço, ele é feito sobre normas que regem a criação deles. Determinismo dos materiais... Nós, na minha concepção, fomos Criados também! E que os ateus, os novos pagões, esperem a sua Punição! O seu Julgamento!"
 Ouvi isto na tv, estava num barzinho mixuruca no Calçadão Quinze , uma da manhã, fiquei lá... Sendo "catequizado"... Passou por mim um careca, fortão, mas tinha um jeito meio "fino", ele olhou pra mim com desprezo... Minha pele seria uma deformação do aço que o pastor de gente falava na tv? Fomos criados sobre regras e elas davam a cada um uma coisa pra odiar o outro?... Não sei, não é papo meu... Meu amigo, Helter Skelter que gosta disto... Só tô curtindo o friozinho duma terça... Parece que vai ter algo por aí
 Saí. Andei. Desci uma rua lateral e lá estava eu...
                                                                          Porta de bar
 A ponte entre a diversão e o perigo de levar uma facada...
 Cabelo black, ok, barbicha limpa, ok, blusa quadriculada azul, ok também... Não é que eu gasto muito com roupa, é uma questão de estar bem aos olhos dos outros... "Só que os outros estão em você mesmo", ah! Odeio estas filosofias! Me lembram o meu amigo e seu Mestre Panda Vermelho arranjando confusão! Bah! Sou da paz!
 Entrei, bem vazio... Afinal, era terça!
 Vi ela... Branquinha, óculos gigante, magrela, não era loira... Pena, mas era o que tinha lá... Não que sejam objetos, as mulheres, na verdades somos muitos objetos um se vendendo e comprando entre nós... Mesmo se você não tiver moeda, for um macaco dos anos das cavernas... Enfim, lá era quem tinha o maior tacape, tem vezes que o maior carro, a maior anca... Bah! Tenho que parar com estas coisas! Quero me divertir!
 Dançando, dançando e dançando... A menina se chamava Anné, dançava bem, bem doida... Eu ficava mexendo os pé um pouco, mas mexia o dedo também; ficamos lá, de repente, o bar parecia ter enchido, tava estranho, frio, umas luzes roxas que não vinham dos holofotes...
 Péra! Que droga é esta?!
 Luzes da cabeça das pessoas! Das sobras?! Luzes de ideias?!!
 Bah!
 Peguei um 38... Afinal, parece que ele resolve tudo... Ao menos contra seres estranhos, ou aqueles que existem em nós mesmos...
 Atirei
 -Doido! -Anné bateu na minha mão e eu me assustei... Ela era forte! Estava sorrindo, achando graça! Ela deveria ser um "deles"!
  Mas, não parecia irritada, só achando graça...
 ?!
 Droga! Numa situação destas e eu caído por ela! Lá vou eu (de novo)!
 Esperei algo acontecer -a gente sempre espera, fica paralisado pelo medo, ou pela preguiça, talvez seja isto a Sabedoria-, nada ocorreu... As luzes ficaram em volta de mim, senti uma corrente elétrica pelo meu corpo e parecia que eu dançava conforme a música! Ela também, a Anné, ria e dançava comigo, ela descontrolada, eu mais ainda!
 Gelei. Vi uma marca brilhante em seu braço, era o corvo... O arrepio na espinha, o reconhecimento de quem ela era, não sei... A corrente de energia acabou e eu cai em seus pés, ela parecia muito puta, queria me destruir...
 "Nem sempre os sonhos são os sonhos dos outros e, principalmente, ações!"-Lembrei de novo do velho Panda, báh! Por que isto? Logo agora?!
 Pedi ajuda, clamei baixinho pra alguma força imaterial me ajudar! Ninguém vinha, ninguém vinha!
 Ela me agarrou com uma mão, levantou-me, senti o ar acabando, acabando... Aca...
 Baque, caí.
 (...)
 Estou sendo levado por alguém, arrastado...
 -A diversão não existe, estamos todos nos divertindo e quase morrendo depois, lembre disto, tolo! Um tolo que ainda crê para fazer! -Reconheci a voz e o tom pessimista, olhei pra ver se via algo...
 Parou... Olhei pros lados, de novo no Calçadão Quinze, a chuva parou e estava um vento frio, um pouco abafado... Vi ele, estava com uma calça jeans de criança, camisa listrada branca com amarelo e colete, o Velho Panda Vermelho; olhou-me com sua cara, que pra mim parecia um rato!
 -E então, como vai?
 -Por que...
 -Helter, ele me pediu pra te tirar de qualquer enrascada, estava por aqui hoje e vim conferir se estava bem... Que bom, você esta, menos trabalho...
 -Mas, o que...
 Ouvi sirenes, bombeiros, segui eles até a esquina que dobrara pra ir ao bar... Seguiam pra um incêndio...
 "Será que Anné esta bem?"-Pensei, só pensei.
 -Ela está, os que ela comandava, não. Não se preocupe! Vamos logo, eu tenho uns trocos, pago o táxi!
 Virei-me e fui, pensando, "ele pode estar mentido!"; claro, não queria isto, mas ele também sabia o que sentia por ela, e o que achava que ele tinha feito... Sim, isto é assustador!
 Pegamos o táxi, rodamos por uma hora, o taxista nada perguntou... O Panda já era um homem alto de bigode longo, até o queixo, normal, sempre "as coisas" do mundo se parecem normais, eles ficam lendo livros no meio da rua, olhando pro chão, você passa por eles se preocupando com sua vida -eles se preocupam em saber da sua-, você não liga, se acha suficiente, engano!
 Desci, morava até que perto do Centro. Fui pra casa, pensei só que quando vi o Panda abrir sua bolsa, ele acabou mostrando uma faca, ela estava banhada em sangue. Não dormi, ele segui com o táxi pra algum lugar, eu, ali, duas horas depois, quase amanhecendo e nada de sono...
 "Mas, ele disse que estava tudo bem com ela"... Confiar em alguém, sempre perigoso, um engano... Mas, as vezes é melhor, alguma vingança torna-se saborosa... Porém, ele era o Panda Vermelho, acho que a muito tempo ele não vê a cara da "Dona Morte"...
 Enfim, dormi, com o sol raiando e ia chegar atrasado na aula, talvez só fosse trabalhar... Ainda bem que não mais como estágio! Consegui adormecer, estranho...
                                                                                Pensei nela dançando.


 MUSIQUETA DA POSTAGEM

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