domingo, 3 de abril de 2011

Sam e Nick #Agentes do Caos

 *Caminhão, cheiro de peixe e gás fétido nas minhas narinas... Acho que é minha consciência*
 Estou ouvindo "666" no rádio e ainda não é domingo, não é 9 da manhã... A hora que ia a Igreja com minha mãe. Estou com certo saco cheio de hoje, estou "endomingado", como ouvi uma vez por aí.
 Nenhuma frase é minha, nem os pensamento parecem meus as vezes... Mas, estou aqui, com a 32 na gaveta, meu nome é Nick Charlie e eu estou num dia ruim.
 TocTocToc... Batem a porta e eu berro: "-Entre, porco, esta aberta!"; era o toque secreto, mantivemos ele por anos, mesmo quando nos pegaram.
 Um, dois, três, quatro, porra! Acho que tem uns dez tiras pra me pegar!!! Não sou tão bom assim, sou um fracassado, ao menos, um gordo de terno cinza, sem barba e com camisa listrada com seu suspensório parece mais um pai de família que assassino -no meu caso, também era detetive além disto. No meio, o filha da mãe, sorriso amarelo: sua conta deveria estar cheia!! Sua vadia também!! Descarreguei os xingamentos habituais, ele fingiu arrependimento, ficamos assim... Os homí me levaram, depois de algumas porradas, a farda cinza dele me parecia estranhamente com nuvens de chuva... Estaria eu
                                                          Revivendo o passado? O tempo de criança de
                                                          periferia? Não, é só o efeito da porrada; porrada  
                                                          na cabeça do trouxa que uma vez confiou em
                                                          alguém.
 Besta.
 Só isto, sou uma besta.
 Enfim, me levaram num Cachambó pelas estradas, via as pessoas, sabia que estava ferrado, mas, por que não lutar?
 Acho que não há o que lutar... As vezes não há, na maioria das vezes ninguém luta, preferimos o calor das cobertas, das pernas abertas, da vodca, do colo da mãe... Gostaria do colo da minha mãe... Mas, ela morava longe, fumava e não falava comigo faz um tempo. Ninguém dava atenção ao gordo que era bom em trigonometria e que agora era um detetive suburbano.
 Duas horas rodando, não fomos pra Delegacia, típico, no meu caso, fomos pra um barracão perto do rio, aquele fétido e com água que nem se mexe, só enche e torra o saco! Detesto rios!
                                                            Jogaram, amarraram e começaram
                                                            Água, tapa, porrada na barriga; água, tapa,              
                                                            Porrada na pança gorda; água...
                                                            Vocês entenderam, tortura básica. Sim, isto  
                                                            Existe.
 Usavam umas máscaras de bichos -cachorro, urso, passarinho e coelho, etc-, os malucos, não sei se era pra eu não reconhecer-lhes ou sei lá o que! Sei que estava com dores pelo corpo e muito cansado... Cansado de sempre levar este tipo de coisa... Principalmente depois que peguei o caso de encontrar "o Garoto Sam", tirá-lo das garras duns tals Agentes... Já era a terceira vez em seis anos! Tenho que tomar mais cuidado!... Claro, se eu sair desta...
 Perguntaram o que tinha quem conhecia, esta ladainha de sempre... Levei porrada, até uns choques, ia falar, mas então, alguém chegou e eles pararam; olhei sem forças para cima... Olhos inchados, coxas doloridas -eram as coisas que sentia naquele momento, o resto, dormente... Homem -ou coisa- alto, cabelos longos, não... Ela, tinha a máscara de gás, uma marca Deles, desde o início do século, quando tentaram por higiene "não se misturar" a nós, acabou que a moda ficou.
 Fina e magra, ela me deu duas escolhas, pôs a perna no meu ombro... Se não estivesse de calça! Deveria ser bailarina.
 -Uma chance por fora! -Ela me disse. Tinha que pegar o garoto e trazer pra eles -então alguém tinha pegado... Humm, interessante!-, "-Por que?!", perguntei; "-Porque você e ele estão conectados!", ela respondeu... E eu... Eu...
 *Cheiro podre acaba, estou num lugar quente, pedregoso, não um deserto, um lugar abafado e mórbido*
 Só consegui sentir isto.
 Então, ela e seus capangas abriram uma porta no fundo da sala em que estávamos, era uma coisa estranha -uma máquina que parecia uma de lavar, só que com fios e luzes, também tinha uns quatro fios que acabavam em um capacete, como uma panela-; colocaram ela em mim, nem soube o que houve... Corrente elétrica de energia correu o meu corpo, como quando coloquei a chave no interruptor do meu quarto... No prostíbulo, em que minha mãe era camareira.
 -Tiramos uma "foto" sua... -Me disse a magra senhora, que usava camisa vermelha até a cintura. A Agente.
 -Como assim?... -Disse ainda meio zonzo.
 -Se você chegar a sofrer ferimento mortal, não se preocupe, deixa conosco... -Sua misteriosa frase não saiu de minha cabeça por semanas.
 *É como se eu viajasse num balão... E tem um velho aqui, ele parece triste; me disseram que ele já esta aqui a muito tempo, mais tempo a voar que qualquer outro, tenho medo dele por isto... Ao mesmo tempo, seus olhos tranquilos me deixam tranquilo, vamos atravessar a fronteira de manhazinha; o velho nem desceu do balão quando me pegou dos outros caras, no deserto... Subi por uma corda... Que aventura! Uma estranha aventura*
 Lá estava eu, duas semanas depois, era "diferente", estava com meu carro preto e seguia rumo ao Oeste do estado, precisava encontrar um velho num balão. Meu nome é Nick Charlie e nunca deixo um caso sem resolver.



 MUSIQUETA DA POSTAGEM

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