segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O Nome da Bolha #Agentes do Caos

 hoje é segunda feira e estou sem muita coisa pra fazer no escritório
 há nove mil anos, os bárbaros tentavam sobreviver em suas cavernas e primeiras cidades, hoje, nós tentamos nos proteger de nós mesmos... Nunca vou entender como cheguei neste ponto... Um ser sensível demais com a própria vida e intolerante com a dos outros...
 Sentado em um banco de praça, minha cabeça de bolha não coça... Literalmente, a fina faixa de água esta sobre um pescoço vazio, o terno completa o traje. Você, o leitor, não tem como imaginar... Gosta de histórias que falem a sua língua, que mantenham você aquecido na fogueira de um dia escuro de inverno... Infelizmente, todo o dia e toda a hora que corre até que a minha bolha na cabeça exploda e eu desapareça -desmaiando no meio da rua, enquanto vou para o trabalho - será exercida para ir contra isto...
 Meu nome, bem, é ninguém... Na metade de nosso século, com as Crises Sociais, houve uma série de rebeliões e guerras biológicas e atômicas nas enormes favelas e cidades de aço e bronze, o mundo foi pintado de cinza e vermelho, o pó verde matou meus filhos e meu pai, eu fiquei vivo, depois que minha baioneta calou muitos de seus netos e filhos... Então, entrei para o Programa K.A.O.S, do senhor  Reiza-Fu, um milionário oriental... Congelaram uma imagem de minha mente, agora não sofro mais, fui reanimado numa bolha, meu corpo é uma sombra, minha língua não existe... Não falo, não me expresso... Apenas o trabalho me define, o pensamento de Classes esta ao extremo... Não preciso mais nada que o meu trabalho, o Homem com Valor é aquele com o Trabalho dentro de Sua Classe, só isto... Todo o resto, fora apagado, o mundo é agora igual e bom, pois não conhecemos o que é o mal.
 Parece filosófico, mas, não há nada o que fazer quando não se pode expressar além de pensar - e filosofar. É hora de ficar calado, pois o horário de almoço acabou, vou para o elevador no prédio à frente do parque, minha bolha treme, subindo para o 6º andar, na sala 66, ali esta a Repartição de Assuntos do Ciberespaço número 333, mas, não fazemos nada além de escrever dados...
 Uma cidade inteira nisto, corpos mortos, apenas bolhas nas cabeças... Nossa materialidade esta em escrever e repetir o que o Povo do Passado, vocês, fizeram, nossas ideias, permanecem conosco, presas em nossas bolhas, guardadas para nós, pois estamos tão inseridos no Sistema, na Classe das Bolhas, que não conseguimos falar sobre nada além de algum "ploc, ploc!".
 Minha vida fora boa antes, agora, ela é normal... Nada de mais... Olho para o computador com uma tela fundida a um teclado de touch screen, parece uma vírgula, nunca erro uma digitação, pois a máquina me corrige sempre. Nunca errar, pois nunca se tenta fazer nada além do normal, aí está a humanidade desta bolha que vos fala...
 Leio e digito algo... É uma palavra estranha, não é nem Amor, Liberdade ou Fraternidade; assim como não tem nada haver com divindade ou razão... Apenas um pequeno trecho de um livro antigo, da metade 1500 da Era Cristã... Sobre um cavaleiro, seja lá o que isto for...
                  Escrevo, falo a pequena palavra...
 Todas as outras bolhas me olham, eu sei disto. Quando começo a ditar a frase, o pequeno conjunto de caracteres vai tomando o ar de silêncio sepulcral e, de repente, vai tomando conta um medo coletivo, levantam-se os outros e cada um, muito trêmulo, segura um material de escritório...
 Um gordo, ao qual almoço sempre, me acerta no braço... Quase sou furado, mas com meu susto e o ataque dele, todos em mim se aglutinam... Correm para cima de mim e eu corro -como bom humano-, na direção contrária...
 Sigo pelas vielas escuras e mofadas, por becos feitos pelos biombos em que trabalhamos... Minha corrida é cega... Pois, nunca correra de algo, nunca tivera por que correr e temer, estava em um mundo perfeito, sem medo e dor, era uma bolha
                   Bem, eu era...  Na corrida pelas escadas e para pegar o elevador no outro andar, encontro mais atacantes, o aviso fora dado, via as telas que todos olham
 Estou sendo caçado, pelo quê? Por ser diferente...
 Correndo contra o tempo e contra todos... Sem fé e com medo, começo a sentir a minha cabeça de bolha flamejar... Nada faz sentido, pois nada esta em um Sistema... Tudo esta... Esta na minha cabeça, cabeça de bolha!
 Pela praça em frente ao prédio, uma multidão de seres bolha caçam a minha cabeça... As novas ideias fervem em minha mente... Não posso aguentar!!
 Vejo alguém na minha frente... Seria uma alegoria desta história maluca? Um Panda Vermelho, de terno, e meio humanoide, ele talvez sempre estivesse ali, eu que nunca o vira... Ele sorri para mim e diz;
 -Não posso te salvar, mas, sou o teu alter-ego... Uma pequena máscara que te protege deste sol... Você tem um nome agora, chama-se Soad, ou, na minha língua, sabão... Limpe esta sua cara e derrote-os, você é apenas uma frágil bolha, é um mortal, tão fraco e tão simples de abater que apenas dentro de sua bolha considerou-se imortal... Mesmo sem emoção alguma, sem palavra alguma, o seu pensar, se achar importante em algum Sistema ou algo do gênero o fez pensar que sua vida não teria fim, pois tinha que vencer algo ou alguém... Ela tem, é agora... E o que fez antes da bolha explodir?
 ... ... ... ... ...
 -Soad...
                Ploc!
 A bolha tremeu e explodiu... A pressão fora muito grande, era algo demais para qualquer um...
 O corpo caiu e a multidão atrás do "revoltoso" parou, estavam portando todo o tipo de coisa, mas nada tentaram fazer para o corpo que cai... Pararam e voltaram para suas vidas, para o seu escrever eterno...
 O sol batia face do Panda Vermelho, seus grandes dentes a mostra em uma cabeça desproporcional ao corpo humanoide brilharam com o pôr do sol - ele ficara por horas ali, observando a "capa" morta do antigo ser bolha. Disse;
 -Escolheu bem até, escolheu ter um nome... -E desapareceu na sombra da Cidade
 Da Cidade das Bolhas, a mais frágil e mais poderosa de um Sistema de Classes de bolhas
 Apenas uma Bolha que teve um nome.



MUSIQUETA DA POSTAGEM

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