sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Chorando palhaços tristes 2 #Panda Vermelho


 Ainda desmaiado, minha pele esta coberta de fios e catéteres... Sinto que alguém tenta roubar meu sangue...
 Ele ri, então, ri e ri... Criatura azul e de olhos amarelados, seu nome é Nakagobo, o Bebedor de Sangue Ruim.
 -Você é um tipo de ser divino? –Diz o ser azulado. – Pois, nunca vi alguém com tanto sangue assim!! É divino!
 A voz dele é insuportável, mas, não tanto quanto a dor dos cartéteres que vejo levarem meu sangue para dois tonéis quase cheios... Olho bem para a cara do demônio e digo:
 -Você vai morrer antes de provar meu sangue! Demônio!
 -Ora, prove você o meu! – Ele se corta com uma faca e leva os pingos até a boca de um outro prisioneiro, que forçado por ele, engole as gotas de líquido escarlate. O homem começa a espumar pela boca quase que instanteneamente, sua face se cobre de bolhas e ele vai vomitando líquido amarelo até parar... As convulsões param, em menos de dois minutos, se foi.
 -Olha, - diz Nakagobo – sou uma entidade imortal! Se tocar em mim com teus golpes, logo sangro e tu se infecta, bicho esquisito! – E a gargalhada dele se faz absurda de estranha...
 -Ainda não! – E me movo duas vezes: quebro as correntes, percebo que estava sem meu manto, apenas com as vestes de baixo. Nakagobo me vê e se assusta, mas, rapidamente, corta sua língua e quase me acerta com o veneno que lhe dá vida.
 Olhando para seus olhos amarelos e aquele lugar fétido, vejo que meu manto está ao seu lado, existe apenas uma chance! Cuspo-lhe fogo e ele salta, voando em um leque para amortecer a queda ao qual vai preparando um enorme cuspe sanguíneo.
 Meu manto é pego, mas, ele cospe: toda a minha roupa está coberta de veneno, mas, antes de largá-la, eu cuspo um pequeno monte d’água. Encarro o Sangue Ruim, ele canta:
 -E agora, Mago? O que tem pra mim?
 Uma sombra surge atrás dele e chutá-lhe a perna, que quebra. A coisa pula e me engole...
 -Eu tenho isto! Conheça meu servo e amigo: Máquina Bagre, o guardião do 7º Mar terrestre! – Sai uma pequena bolha de vidro da cabeça do enorme bagre humanóide, coberto de uma armadura azul, que logo, revela duas metralhadoras Gatling.
 -Eu, eu tenho sangue ruim! – Grune o mostro, ainda com a dor lastimável...
 -Sim, e este ser tem uma couraça formada de sete peles... Logo, seu veneno demorará... Agora, maldito Nakagobo... – As metralhadoras destroçam o ser, espalhando por todo o lugar seus restos e veneno.
 O Bagre lança um enorme turbilhão de água que limpa tudo. Posso sair e pegar meu sangue de volta: abrindo um do barris, toco minha cauda e ele volta ao vermelho de minha pele. O outro, porém, não coloco em mim, mas, tiro um chumaço de pelo ao qual uso meu sangue para escrever um texto na parede da caverna em que estava preso, “Viagem da Memória dos Amigos”, escrevo em língua baltânica [ de Baltos, antigo lugar de treinamento do Panda Vermelho na Terra, N. A]; afinal, sinto que precisarei de ajuda...
 -Mak sokir altur, je necessité d’um bagne! – Ouço o Bagre dizer, ele pede para tomar um banho para tirar o veneno antes que ele entre em seu corpo, eu permito. Nós partimos para a luz e logo vemos um lago e uma montanha com escadaria.
 Então, ali está... A Mansão vazia dos antes glorioso Suboshi. Lá reside Miboshi, o Silencioso.
 Cada passo meu é como se um assobio frio corresse meu corpo... É estranho. Apenas a minha espada é minha roupa, ando e ninguém impede a minha passagem: as muralhas estão vazias, os moinhos, secos, as flores, não mais dadas a ninguém. Por um momento, sinto o silêncio correr pela minha mente, que nunca para – nunca  -, só que agora ficou quieta, estranhamente.
 No topo da escada, o castelo de Suboshi e em sua porta, ali, o último filho legítimo: Miboshi. Com pele estranhamente cheia de pó de arroz, ele me vê e nada diz, com as mãos dentro do quimongo dourado, apenas observa... O vento corre, de um lado para o outro, porém, nada escuto, nem uma palavra. Se nada escuto, corro e ataco: ele escapa. Tento de novo, mais uma vez, só que o filho de Suboshi salta para longe do alcance da minha espada katana.
 -Homem-Animal, - diz ele com uma voz calma e lenta – eu sei de todos os selos de meu pai, foi o seu legado para o Mais Amado Filho... Se você lutar comigo, não mais viverá!
 -Oras! – Jogo minha espada nele, ele desvia e toca o cabo da arma. Com três pulos já estou com ela próxima de minha mão, ele já está longe. Quando toco minha arma que está presa numa rocha, ela queima minha mão...
 -Desgraçado! – Grito-lhe, sabendo que ele selara minha arma. Cuspo-lhe fogo e com papéis ele evita que eu o queime, pois eles apagam antes que meu hálito o toque...
 -Maldito! – Grito e me transformo em craquém, lançando dois tentáculos nele, o qual toca dois selos neles, viram um tipo de madeira... Madeira petrificada!
 -Todo... –Diz Miboshi – Todo o poder...
 Me destransformo e metade da minha mão está petrificada.
 -Droga! Então, é assim? – Digo-lhe
-Como?
-O Silêncio... É assim que você ganhou este apelido e por isto não sinti nada quando te enfrentei?
 -Ora, meu caro, estes selos são antigos demais para que você possa evitá-los: são divinais, sagrados! – Ele anda em minha direção.
 Faço uma posição com os dedos cruzados e tento evocar as Torres de Pedra, ele joga seus panos como tentáculos no chão e sela com figuras antes que eu possa completar...
 -E agora, mago? – Diz ele de frente para mim.
 Abro minha boca em um ângulo gigante e o engulo.
 ...  ...   ...
 Os olhos de Miboshi abrem e ele está em um lugar apenas branco e listrado de preto, ao olha tudo aquilo, escuta:
 -Agora acabou, filho de Suboshi...
 -Sim, diz ele, acabou para você, Mago! – E as mãos de Miboshi trazem uma faca ao qual ele corta o ar que é listrado branco e preto, o corte revela uma luz ao qual o ser esquálido salta...
  O Panda, cai segurando sua barriga, a sua frente, o filho Mais Amado o olha, diz:
 -Você tentou me selar dentro de você para tentar me matar, um erro, pois, agora, eu te matei... – Sorri – Veja o que fiz com sua barriga.
 O Panda olha e há um enorme selo em sua barriga. Logo, vai crescendo um enorme vazio e silêncio em seu corpo, ele vai virando madeira, não viva, mas, de pedra... E vai crescendo o frio como é aquele do medo, e vai crescendo o momento da morte do Mago...
 -Não! –Diz o Panda. Nisto, de seus olhos se lança uma brilho vermelho que ilumina tudo, uma onda de choque joga Miboshi para trás... Só que nada acontece, ao menos, ali: o Panda continua se trasnformando em árvore morta enquanto seu atacante apenas desmaiou.
 Na caverna do morto Nakagobo, ouvem-se barulhos e passos...


 Cuidando de seus ferimentos, a Máquina Bagre passa sua esponga mágica nos cortes e machucados provocados por Nakagobo ao lançar seu sangue venenoso, banhando-se no lago abaixo de toda a batalha lá de cima...
 Porém, ele puxa rapidamente uma metralhadora de um coldre em suas costas... Não é rápido o bastante e é acertado por uma coisa áspera... Ele choca-se em uma rocha que faz uma cachoeira. Olha para a fumaça e vê uma criatura enorme, qual uma metade é mulher e outra peixe, ou serpente – pelo tamanho da cauda... Há uma placa em seu peito, nela está escrito Ashita. Ela, segundo o documento que o Panda lera, era uma filha bastarda da Família Imperial daquele mundo  - reconhecida no final da vida por Suboshi -, ao qual tinha uma gêmea perdida Soiboshi.
 Máquina-Bagre preparou-se para o combate, retirando uma enorme faca e já ia pegar balas para a sua metralhadora quando, de repente, a fumaça do lago de água quente vai discipando e, aos pés da monstra - para a surpresa dos dois -, uma jovem se encontra. Ela tem um cabelo meio roxo e de um lado cortado, undercut, seus tênis de tecido e borracha de cor amarela e seus grandes olhos não combinam com o que carrega: uma espada-bastarda; enorme lâmina, que, no metal, está com a inscrição “Helter Skelter” – sim, o aprendiz do Panda, o que surpreende o Máquina-Bagre tanto quanto eu. Ela olha o monstro peixe e lhe diz:
 -Você irá morrer, me chamaram pra isto...
 E cai para cima da mostra que grita e desvia, batendo com a cauda e jogando a menina numa pedra. M – Bagre assustado e temendo pela garota, fica irrado e se joga com a faca presa nos dentes, dando socos na monstra que foge, afundando no lago.
 O grande peixe vê a menina que estava com a cabeça chocada na pedra... Ele estranha a falta de sangue e, quando a leva entre seus braços, percebe que ela tem engrenagenagens misturadas a um cérebro esbranquiçado... Ela é uma robô! Uma boneca! Alivia o Máquina...
 Só que, abrindo os olhos rapidamente, a menina grita:
 -Cuidado, Sr. Peixe! – O Bagre pula e vira-se, escapando de uma investida da mulher-peixe, que afunda novamente. Há um silêncio no lago... Máquina-Bagre está sobre as águas e escuta, a menina está em seu ombro, ela diz:
 -Eu sei como derrotar esta coisa... Sr. Bagre, fui chamada pelo Mestre, confia em mim?
 -Senti o cheiro do sangue do Mestre, - escuta a jovem em sua cabeça, sendo uma telepatia do peixe – se ele confia em tu, confio também!
 -Ora, um peixe precisa de uma isca, não? – E com uma piscadela, ela salta para o meio do lago. Nisto, salta a monstra e tenta acertá-la: o Máquina-Bagre carregou sua arma e atira, mas, a monstra é rápida!
 A menina salta e salta, pelas pedras e desviando da monstra que também desvia dos tiros do outro peixe. Porém, quando o lago acaba e ela tenta se virar para afundar de novo nas águas a pequena pega sua espada que tinha caído ali e fica-lhe na cauda,
      Ashita, presa, ainda vê de relance o Bagre mirar e descaregar uma carga nela, que explode em vapor... Lá se vai mais um membro dos Suboshi.
 A fumaça se dispersa enquanto a menina adolescente que nem é uma menina de verdade, talvez só uma máquina, cumprimenta o Máquina-Bagre dizendo:
- Olá, me chamo GG!
-Olá, me chamo Bagre!
 E os dois, por um momento, breve, veem que poderão ser amigos: amizade natural?

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