quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Palavra e a Arte inútil

Escrever é um ato inútil, para tal
Talvez o escritor seja valorizado demais.
Escrever tem tons de doença, cada frase, cada palavra
Se encaixa como uma ordem
Não é pintura, não é arquitetura, muito menos
A beleza de um bom prato de comida, ou perfume
Não é a paisagem que eu vejo todas as manhãs
Que acordo com alguém estímulo
Não é a chuva que lembro dos dias funestos
Não, não é. Escrever nunca é algo, sempre fora.
Você fala do passado, terminado o processo


É a arte em término em si
Codificada numa língua, numa palavra
Jamais um pássaro voa duas vezes pelo mesmo caminho
Jamais uma frase uma vez dita
Volta a nossa boca
Seu peso cai sobre os ouvidos e você percebe
Que cometeu o erro da Verdade
Não admitimos a força da Palavra
Pois, não sabemos a Arte de compreender o outro


Numa conversa, num abraço, a força de um texto
Interajo com o mundo
Pois, nele estou
E na Geografia das palavras não ditas, esquecidas
E escritas
No frio do inverno, no calor do verão
A doença da escrita permanece
Fiel companheira
Jamais retornando pelo que jamais será não-dito.
Adeus mundo, minha palavra já está em você
Cuide bem dela,
Pois ela foi a minha melhor coisa naquele instante
Ou, pelo menos, a única.

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