domingo, 15 de outubro de 2017

El Bravo

O Bravo entrou naquela sala, nele já não havia mais nada
Apenas a vontade de luta armada
Jamais pensada, cogito logo existo
Precisava existir ao menos numa última noite
Mesmo que fosse naquela data
Após aquela bela tarde de jovens brilhantes e cinéfilas saltitantes
Suas garras tocavam as coisas, delas ficava o breu.
O Bravo já não era o mesmo, nem aos seus
Escondido entre versos e poemas podres
Sua lâmina espada tinha endereço fixo, o próprio
Peito
Não a outro, mas, ao próprio Bravo tinha-se desfeito

Desfaço em fita e laços que jamais tive, ou terei
Não confio mais em mim, quem dirá nos outros,
Quem dirá na própria lâmina
Disse o homem ao chegar na boca da caverna
Ao pé da montanha
Havia uma quimera lá, disse um aldeão vizinho
Entrou de pé-a-pé, quietinho
Noite fria do Sul, chuva fininha do Leste
O sol não nascera, apenas uma luz vermelha
Adentrando o Bravo olhou
Caixa de tesouro de um lado
Uma foto de uma bela dama n'outro
A poção da sempre-vida num canto
Aonde estava a criatura, questionava o Bravo?

A criatura era eu.
Quimera, fragmentado
Com o jornal lido embaixo do braço, xícara de café
A metade
Nenhuma visão do futuro que não fosse
A próxima meia hora perdida do relógio
Sua vida era desprezível, punível
Por não aproveitada
Mas, o Bravo ainda me olhava, com a lâmina guardada
Escondida
Nela havia meu nome
E eu escrevi o nome dela

Não podia fugir agora
Era escritor perseguido pelo texto
Pela memória ingrata
Das palavras que mesmo escritas
Perseguem
Matam
Acolhem no abraço
Sinfonia das palavras
Fúnebre dos combates jamais vencidos
Pois, jamais foram lutados

Era escritor rugido de seu próprio poema
Queria ser Bravo
Só fui Quimera.




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