sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Curitiba é

Curitiba é...
O silêncio e alguma angústia. Temos aqui um Kierkegaard em Kafka, uma cidade poderosamente que é seu tempo e clima, como muito de nosso vício brasileiro em Geografia, mas que nega o vazio de heróis com uma certa atitude irônica, um certo brejeiro, uma bruma nas estações... Um verão de chão português que cega, uma primavera de maneirismos e flores importadas, um outono louco, um inverno apaixonado e sempre esperado e esperançoso, de neve.
Em fumaça da boquinha, amarelo iluminado. Somos de amarelo, postes amarelos, sorrisos amarelos, uma certa hepatite do tio da esquina, para além da Curitiba Perdida - cada bairro e vila, um mister de rigor.
Linhas rigorosas em cada rua, curvas, morrinhos ao norte, rios ao sul, serra ao leste, campos à oeste.
Curitiba abarca um certo cosmos de nada, mas um nada de tédio, um certo domingo de café. Ela é uma xícara de café coado e vaporzinho de inverno iluminado, pelo poste amarelo e, claro, umas araucárias presas por aí, na cadeia urbana.
Curitiba é tudo que tenho, ou tive, é um lar desesperado, porém disposto a uma diversidade, mesmo e por nós sermos conservadores. Conservamos o blasé, uma certa tecnologia da ironia, um antifolia e utopia que é difícil medir, mas que sempre ali esteve, tirando uns momentos de alardia ou alergia.
Curitiba é minha Königsberg não no coração, mas no passo, este jeito de andar desconfiado, do polaco caboclo enluado.

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