terça-feira, 3 de maio de 2011

D'quem gosta de sua mulher #Agentes do Caos

 "Xeque-Mate!"
 ...
 "Lá vou eu de novo, amar ela.
 Sempre amei ela, secretamente, como olhos cegos, tristes, sorriso transmitindo meu sentimento...
 E..."
 Encontrei isto, enquanto fazia uma limpeza no meu novo apartamento... Coisa velha, de anos atrás...
 Quando a gente ainda acredita.
 O Processo foi assim: eu era um suburbano, um estudante sem esperança que uma vez encontrou algo que o fazia se libertar; não precisei de armas ou espadas, decidi por melhorar minha lábia, minha esperteza... Seria o "Príncipe" de livros antigos... E tinha de ser naquela madrugada, fria de maio...
 Pus minha calça boca de sino naquele dia, lembro que era a meio verde, desci as escadas... Tinha a pistola 45 na mão, a noite tinha sido boa, mas ela era Um Deles, tinha que pegá-la, tinha que conseguir... Minha chance foi amá-la, passar a noite com ela, agora era hora de terminar com meu trabalho
 Amar, é só um trabalho
 Fui descendo as escadas de mansinho, correndo e esgueirando pelas paredes como vinho que escorre na toalha de mesa e beija o seu pé, com sua cor vermelha, suja sua roupa enquanto você, montado nela, respira na mesma frequência, na mesma batida o coração bate... TumTumTum
 Como disco quebrado, LP antigo do ano passado, uma música passava pela minha cabeça, luzes azuladas e fracas, vi ela: branquinha e de cabelo vermelho, tomando leite com chocolate, perto da geladeira de pesado tom metálico, me viu, viu o que eu portava:
 Sorriu, como nunca antes vi, com dentes que pintaram a sala de dourado
 Eu estava lá, faca e queijo na mão, poderia acabar com uma das mais famosas Agentes, eu poderia terminar com tudo aquilo, suava, ela, só de camisola transparente, me diz:
 -Vem, último beijo, depois, descarrega esta pistola em mim!
 Fui, cheguei perto, toquei nela
 ...Lábios quentes, doce sabor de queijo, com um cheiro engraçado, beijei seus lábios...
 Sim, não aguentei, a pistola não disparou
 Ela tinha sorriso de prata, corpo de máquina, cada articulação tinha pequenas depressões, pequenas coisinhas... Dobrinhas... Era ainda um Deles, eu, simples mortal, não aguentara aquilo... Mas, aquele que nunca deu um beijo por simples ato de roubar, quem nunca deitou só por deitar, fez por fazer, pra compensar a falta de esperança que tem, que atire-se do primeiro prédio.
 Foi a noite, depois... Enquanto olhava pra cara dela:
 -Xeque-Mate!
 Disse-me, a lâmina entrou no meu peito, na luz azul da lua, enquanto minha barriga sentia a frieza da faca, a faca do queijo, de ontem...
 Ela se vestiu e começou a sair, eu, morria.
 Isto foi a dois meses, estou no fim do processo agora... Com barriga costurada, força aumentada, minha cara no espelho é mais azul que com cor... Meu sangue agora é de frio material, agora meu coração nada mais é que uma máquina de bombeamento... TumTumTum
 Pus minha calça boca de sino, novamente. Hoje, no meu apartamento, enquanto lia o poeminha de anos atrás, pensei: "Como eu era feliz", mas, então, de súbito, lembrei que as vezes é preciso se arriscar em escolher se vai atirar ou ter uma ótima noite... Preferi a noite, talvez prefira depois a pistola... Depende, hoje não sou mais humano, perdendo um pouquinho de cada vez...
 Procurando a Agente ruiva



 MUSIQUETA DA POSTAGEM


 http://www.youtube.com/watch?v=nkKxGzm98AU

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