domingo, 1 de maio de 2011

Pela Flor Dourada #Agentes do Caos

  Uma vez fui ao Rio do Prata para estudar algumas espécies de plantas muito interessantes, diziam ser dum antigo Jardim Suspenso de uma Cidade Dourada, ela fazia parte de três: Eldorado dos Carajás ao Norte, Z, no centro e ao sul, uma cidade estranha, sem nome, apenas referência... "Ela deveria estar no meio do Caminho dos Índios, o Peabiru", me disse um índio velho do Chaco uma vez. Neste entroncamento, o "meio do mundo", estava a cidade que não era de diamante, como a cidade Z, nem de ouro, como em Eldorado, mas de cobre, vermelha como sangue... E lá estava eu, em 1970's, procurando isto, no meio duma densa floresta, enquanto aproveitava o desvio da atenção que o governo de Brasilis gerava ao fazer as obras faraônicas pra construção duma gigantes hidrelétrica, obra humana, imitando os paredões que via ali, com suas cascatas e tudo mais... Comigo, apenas um guia, descendia de índio e negro, tinha um colar de dente marcado com símbolos antigos, de nome Pablo, tinha cabelo negro e enrolado, uma mulher chamada Maria, linda, ao qual já vira na cidade, quando o contratei, tinha também boa pontaria, deveria tomar cuidado...
 Meu disfarce caiu, no sétimo dia de viagem, quando olhei uma planta simples e nem soube de qual família era, Pablo, graduando em Biologia, desconfiou, mas, eu precisava chegar a meu destino, Nós tínhamos que descobrir algo, antes que aquele lugar fosse destruído pelas águas...
                                Foi durante uma manhã, em maio
                                A oportunidade lançada, por um penhasco passamos 
                                Lancei Pablo às águas do rio, corri
 Duas horas depois eu estava numa caverna, escavada na rocha negra, atrás de cachoeira, vi algo estranho, vi a luz amarela e cúprica, o azar recompensa os fracos e fortes, a sorte, qualquer um, sem nomes ou categorias... Lá estava, uma planta de cobre, única na caverna... Talvez na região, no Mundo! Eu consegui!
 Cheguei perto dela e minha marca de corvo no braço direito coçava, eu conseguira atingir minha missão, logo conseguiria levar esta coisa bizarra e até mágica, que a muito tempo fora criada por um rei metade Serpente e Jaguar, um semi-deus poderoso, guardião deste lugar; ele fora morto por um de nossos membros, um perdido, chamado Azuma, o homem-tubarão, um dos Grandes Agentes do Caos... Pena, que a fórmula de tal planta, que diziam ser uma das fontes do semi-deus, tivera sido perdida, e o próprio Akuma morto, por um ser estranho, um lobo vermelho de nome Guará... Mas, tirando estas histórias, lendas mostravam-se a mim como reais, pelo menos em sua origem: eu, um explorador de San Paul, conseguira achar a Planta de Cobre! Eu poderia fazer muitos inventos, muitas coisas... Será que ela me traria a imortalidade?!
                O sonho de qualquer homem e mulher é ser lembrado por algo que fez ou digam que fez   
                                        E eu seria!
 Cheguei perto dela e... E...
 Senti a seta, veneno...
   * * *
 Minha testa ardia, era a tarde já, estava com caçadores, não... Não eram simples caçadores...
 Treze homens mais ou menos, todos caboclos, ou com cara de índio... Me senti estranho, estava com febre, nem me lembro se vi a cara de um ou de todos, pois me pareciam de diversos fenótipos, não só descendentes de índios, mas... O veneno fazia efeito...
 Reconheci Pablo, ele sorria pra mim, mesmo estando machucado, e me disse num misto de espanhol:"-Você não me pegou... Nós te pegamos!"
 Lembrei do osso marcado... Imbecil! Eles eram a Ordem do Jaguar! Antigo grupo de guardas dos restos das Cidades Sagradas! Eles acabaram com diversas expedições, dos bandeirantes até Falset, o inglês, ótimo, estava morto...
                             Uma carta na manga, um jogo de sorte
 Balas zuando como marimbondos, vespas amarelas que ferroam com o veneno ardente de seus traseiros! Os militares de Brasilis, junto a bandoleiros que os guiaram, e também outros de Argentin e até do Chile... Eu desmaiei no começo do combate...
 *Três dias depois*
 Acordei num dia quente... Vi que estava num acampamento numa clareira. 
 Próximo do meio dia, o comandante veio falar comigo, tenente Jonas, brasileiro como eu; ele dizia que estava tudo bem, que era o único a sobreviver... Me senti com sorte, me arrisquei a perguntar o porquê:
 -Por que? Um parente ajuda o outro, ué!
 Ele tinha a Marca, o Corvo no Braço Direito.
 Passei algumas horas lá, comi a refeição e sai pela floresta, enquanto saia, passei por uma cova recém aberta, pude ver o nome de Pablo na correntinha pra fora da cova... Pensei na mulher dele, sim, pensei nisto.
 Desci o caminho que eu estudei por meses antes de encontrar o que queria, lembrei que Pablo fora meu amigo, mas, amigos não são nossos sonhos... Sentia que ele vinha pra mim, como se correndo, minha princesa em lágrima! Talvez fosse o veneno, ou não...
 Fui na caverna... Lá estava ela! Peguei-a e colhi, guardei e ia levando ela...
 Consegui meu sonho!
 Porém, enquanto voltava para o acampamento, um guarda me parou, temi por meu sonho, pensei em minha pistola... Seria suicídio, ao menos naquele momento... 
 Já de frente pro tenente Josias, ele me disse:
 -Você tem uma opção: Se nesta bolsa estiver um livro preto, com páginas pretas, nós o mataremos, não adianta o que fizer, mas, isto só ocorre se você mentir sobre o que há nesta bolsa... Qualquer outra coisa no mundo, ou no Universo, vamos deixar passar... Apenas, deixe-nos ver o que há aí, esta é sua única opção e chance de ir embora deste inferno verde.
 Deixei.
 Ele olhou, viu uma planta, livros sobre Biologia e mais umas quinquilharias... Vendo a pistola, ele sorriu amarelo e disse: "-Você foi esperto de ficar quietinho!"
 Sai daquele acampamento, fui do inferno verde para minha cidade, depois, consegui ir para um lugar isolado, no interior... Esta ali, com meu sonho...
 * * *
 Hoje, estou aqui com minha vida... Muito bem, neste anos com computadores e chips nas cabeças das pessoas, estou tão bem que mandei esta carta ao meu amigo, este que publica nossas obras... Sou um jovem senhor de cinquenta anos e vinte anos de corpo... Enfim, acho que meu sonho veio a mim, por uma sorte, um jogo de dados, correndo ele veio e eu, eu, em meu desespero chorei por quase perdê-lo, mas, consegui pegá-lo, hoje sou jovem... Apenas de corpo... Sou uma Máquina com Chips velhos.


 MUSIQUETA DA POSTAGEM

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