terça-feira, 3 de abril de 2018

Estado moribundo

De todas as bandeiras que levantei
Desde o Bósforo até Viena
Dos florentinos e venezianos que abracei
Daqueles estandartes que ajudei a levantar
Do braço cansado, do soldado caído
Eu, aquele que pensava ser o Leão, Águia e Touro
Me vejo agora cercado
Me vejo agora simples porco-espinho
Uso-me de minha polícia, de meus megafones e tambores
Observo as raposas, elas ali, me olhando nos olhos
Mas, de nada faço que não permaneço,
Apenas estável
Apenas Estado
Estado que existe, mas que bandeiras poderá levantar?
Aonde a Vontade não passa de ser
Sua mera bula de remédio, seu mero espelho de tela
Matei muito, fiz-te matar
Hoje estou aqui, amortecido
No vinho de outrora resiste o livro de história
Que a criança lê, o jovem finge que ignora
O Estandarte ainda ali, caído na mesa
E a espada desembainhada lá fora

Nenhum comentário:

Postar um comentário