terça-feira, 28 de maio de 2013

A Face de Marte Sou Eu

E, de repente, esteve Face à Face consigo mesmo e, 
teve medo de ter descoberto a América
Desesperado humano, Émilie estava com medo da potência que seus dedos tinham. Havia anos, desde que seu gatinho morreu por deixá-lo cair num balde que ela não sentia este poder aterrador, de ter nas Mãos como Operar o Mundo e não ser Operada por ele.
Correu para fora ainda com o cano fervilhando pelo que havia feito. Com medo, correu. Fugindo dentro daquele elevador, Dona Marquesa olhava para ela, estranhada, com a mão dentro da jaqueta verde musgo, retribuída com olhar assustado da garota, que, apenas lhe respondeu com dentes amarelos um:
-Bom dia!
E saiu, mancando, enquanto a velha ia para o lado contrário da rua, pois, já era hora da feira das frutas de quarta-feira.
A garota pegou o ônibus das sete e meia para o Terminal Leste, tentar pegar o último trem da manhã, antes disto, com o veículo vazio de fora da hora do rush e sem que o cobrador visse, desovou uma Colt Dragoon 48.
Às 10 horas, Tia Elba entrou para alimentar o gato da sobrinha e deu um berro. Em meia hora todo o prédio estava lotado de curiosos envolta do apartamento 4692. A Volante chegou com as veraneios lá por umas duas horas depois, com soldados esfomeados e grandes chapéus verticais:
-É, é isto... Uma assassina... - Disse o cara de sobretudo, Detetive Patuccio.
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Émilie pintou o cabelo, comprado pelo sacado dinheiro, já rapidamente quando desceu do trem, outro lado da cidade, umas duas horas de distância de onde estava, usou daquele pequeno banheiro, na pensão que alugara. Com mexas vermelhadas ainda alaranjadas, a guria olhava para a televisão arredondada, vendo sua foto de face antiga sendo veiculada, pôs uma pinta na cara, perto do nariz e umas sardas falsas, saiu para comprar vinte pães de mortadela para se manter.
Olhando o entorno da padaria, sentiu que todos sabiam quem era, sabiam que seus olhos de ressaca carregavam a morte, porém, ainda convenceu-se, passo após passo, palavra após palavra para pedir o pão. Para sair, andar três quadras, chegar na pensão. Olhar-se no espelho: havia mudado, havia uma arma disparado e matado aquilo... Sim, aquilo... E seus olhos negros de borrados, olharam pela última vez uma lágrima de culpa, uma única e cristalina lágrima:
-Eu, - disse - Émilie Dimme Souza, matei o Demônio Pazu, com um tiro em seu peito.
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-ENTREGUE-SE ÉMILIE! ENTREGUE-SE! ESTÁ CERCADA!! - Falava no megafone o Detetive Patuccio. No quarto, a guria olhava por uma fresta da janela, todo o resto estava fechado, inclusive uma cômoda estava na porta.
-SE VOCÊ NÃO SE ENTREGAR, ENTRAREMOS AÍ! O CHOQUE SÓ PRECISA DE UMA ORDEM MINHA!! - Gritou de novo o Detetive.
-Então, é isto, esta acabando a minha história... - Olhou-se para o espelho e não aparecia o seu reflexo, efeito de ter matado o seu demônio de dentro, Pazu...
O choque começou a subir as escadas e a mulher que estava ali com Émilie, a dona da pensão e seu marido, amarrados como reféns, temiam morrer, apesar de que a garota ruiva de pinta nada com eles iria fazer. Olhou uma última vez para o sol, enquanto o barulho ficava mais intenso:
-Será... Será que os Filósofos estavam errados? Haverá um céu lá fora, depois de nossos círculos atmosféricos e ventos jet-spring?
Os sons da porta sendo forçada, logo, ela estaria com um tiro na cabeça, como era praxe:
-Enfrentei uma vez o demônio que existia em mim, quando o olhei Face à Face, apenas vi... 
Ela descobriu, então, algo dentro dela, uma força que não sabia que tinha, olhou-se no espelho e, espantada, viu que tinha novamente reflexo, o que significava que... Ele, ele estava vivo!
...
Os soldados do Choque entraram e atiraram em sua cabeça e...
Espere... ESPERE!
Émilie tirou de seu casaco a Colt Dragoon 48 que pensei que ela tinha jogado fora, há tempos: acertou cada um dos seis soldados nas pernas ou braços, entrou no banheiro: no armarinho, mais balas: acertou mais soldados...
Desceu as escadas, acertando-lhes tiros, quebrou um pau da escada em que estava e por lá desceu:
Deu com um tiro no ombro de um soldado treinado do choque e dele pegou sua metralhadora, colocando-a na barriga, apenas tiros de advertência.
Quando das escadas terminou de chegar, à porta da rua estava em sua cara, os pedestres corriam, a "Maníaca que matou seus Demônios de Dentro", diziam.
-Eu... - Olhou a guria - Eu chamo pelo meu maior rival! Pazu, te mostra!!!
...
Eu, então, me revelei, das costas de Patuccio, que para mim era menos que uma marionete, confesso, um robô que comprei e montei num fim de semana. Minhas asas marrons e minhas mãos estavam frias... Em duzentos anos, ninguém havia me visto antes...
Com um movimento de mão, usei do Temor para paralisar cem metros de todos que estavam ali, paralisados, apenas veriam aquela criatura corajosa. Pus meu chapéu e arrumei o meu colete, dele tirando uma paia de cigarro:
-Sabe, menina... Deveria ter deixado que eu te violentasse... Se teu sangue eu tivesse tirado, teria deixado você em paz, esmigalhada e em mil pedaços...
-Pazu... Você é um asqueroso ser... Fugi de você por anos, até que cresceu no meio dos meus peitos, brotou como uma rosa que não saia... Saiu como o temor que sempre tive...
-Vocês terráqueos são muito desobedientes, muito estúpidos... Você sabe, garota, se morrer em um duelo comigo, perderá a capacidade de ser revivida, mesmo em um robô com coração de dínamo...
-E se você morrer, Pazu, o Marciano, o que acontecerá?
-Então, você terá matado um Capitão-Mor de Marte na Terra, nunca terá paz, verme! Nunca!
-Desde 38, como aprendi na Escola para Escravos, vocês atormentam-nos... O que acha de morrer?
-Não pode matar, garota, não pode matar aquilo que vive dentro de você... Eu sou...
Émilie olhou para Pazu, viu que ele se distraiu e estava longe de sua Pistola de Gravidade Alternada, que no colete estava presa, ela, com a arma na mão:
PÁ!
o tiro no peito da criatura, mortal, fez com que ele gritasse e levasse a mão para a pistola:
PÁ!
mais um tiro, agora na barriga, ajoelhou o bicho
-Ainda que uma pessoa olhe para dentro de si mesma, nunca lhe faltará força nem medo...
e a cabeça dele explodiu.
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Em 1938, quando Welles avisou que havia algo errado e foi encontrado morto, no teto de seu hotel, dois dias depois, foi chamado de louco. Em 45, provou-se que os discos e tentáculos estavam aí, escondidos, sobre nossos podiam explodir cidades inteiras... Nossos carros cauda de peixe e em formatos de foguetes e os potentes V2 não foram capazes de destruir aquilo que veio e nos dominou, no Governo Mundial...
Entretanto, uma pequenina moça, com uma Colt Dragoon 48 começou uma nova batalha, agora, entre homens e os Outros, que no fim das contas, eram eles mesmos, dentro dos corações, alimentando-se das emoções e vivendo desde nossos fetos, em nossas mentes se escondiam estes marcianos com nomes demoníacos...
E, as vezes, entre eles e nós mesmos, há única barreira e também fortaleza de ataque, era se aguentar olhar a si mesmo no espelho.




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